Perigos que rondam a família
A família está sob ataque, e é preciso nos precavermos contra esses perigos
Na década de 1960, o mundo passava por uma revolução política e social que abriria espaço para grandes mudanças nos costumes e comportamentos da sociedade protagonizada pelo Movimento Hippie. Naquela ocasião, “jovens de diversas partes do mundo, principalmente Inglaterra e Estados Unidos, com o objetivo de atacar o sistema da sociedade, demonstravam que não estavam mais dispostos a viver os costumes tradicionais e conservadores da maioria das famílias da época.” Esse movimento “foi impulsionado por artistas e músicos e se espalhou por vários países do mundo. Os Beatles foi uma banda que surgiu nesse contexto, tendo sido responsável pela difusão da contracultura por todo o planeta.” Desde então, a sociedade tem passado por mudanças assustadoras que confrontam diretamente as práticas e os princípios da Palavra de Deus.
Esses novos conceitos liberais têm sido uma ameaça aos valores da família estabelecidos pelo Senhor em Sua Palavra, e o maior desafio dos pais hoje é manter alta e firme a muralha de proteção contra os perigos que rondam a família.
Neste texto, queremos refletir quatro situações-problema que constituem grandes perigos para a família:
- A inversão dos valores morais;
- A mulher no mercado de trabalho;
- O mau uso da mídia, e
- O divórcio.
A inversão dos valores morais
Vivemos na era chamada de pós-modernismo, em que valores morais e espirituais importantes foram transformados pelos novos conceitos relativistas e progressistas. Os que levantam a bandeira do relativismo defendem a teoria de que não existe verdade absoluta. Cada um tem a própria verdade. Os homens precisam ser livres para expressar os sentimentos sem a imposição de regras ou normas estabelecidas pela sociedade. Rejeitam as diretrizes das Escrituras Sagradas como princípio de vida e prática. Dentro desse bojo de heresias prega-se também a teoria de que o ser humano necessita evoluir para novas descobertas e se libertar de ideias e opiniões consideradas, segundo eles, antiquadas.
E nessa onda revolucionária muitos valores bíblicos defendidos pela sociedade cristã têm sido deixados de lado e vistos como coisas sem importância. O pudor, a honestidade e a pureza moral deram lugar às práticas vis da imoralidade e da corrupção. Os que defendem esses valores divinos são taxados, de forma pejorativa, de moralistas. A sociedade está em crise e isso tem afetado de forma assustadora as famílias, que têm surfado essa onda do engano.
As palavras proféticas de Isaías 3:9 dirigidas a Judá: “Eles não sentem nem um pouco de vergonha em mostrar publicamente os seus pecados, como fazia o povo em Sodoma”, têm tido seu cumprimento agora. As redes sociais têm sido uma vitrine de exposição de práticas abomináveis. E até pessoas que se apresentam como cristãs estão se expondo na internet. Homens e mulheres, jovens e idosos perderam de vista o limite da privacidade e expõem seus pecados sem nem um pouco de vergonha.
O conceito de privacidade se modificou. Como é triste ver irmãos e irmãs compartilhando nas redes sociais imagens de partes do corpo — coisa que há poucas décadas era considerada um ato vergonhoso para pessoas cristãs. Expõem-se pelo mero prazer de receberem curtidas e likes de seus pares. Precisamos repensar o conceito de privacidade, de moral e pudor segundo a Palavra de Deus.
Outra palavra profética que tem sido uma realidade hoje é o texto de Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz escuridade; põem o amargo por doce e o doce por amargo!” (Isaías 5:20).
O princípio bíblico de castidade “ficou no passado”. De acordo com as novas teorias do pós-modernismo, se uma moça ou um rapaz se dispõe a defender a castidade até o casamento como regra para a vida, certamente será alvo de zombaria e escárnio.
Aqui no Brasil se criou a lei da palmada, que proíbe os pais de a usarem para corrigir o filho sob pena de serem julgados e sofrerem alguma medida repressiva. Essa lei vai frontalmente contra a Palavra Sagrada: “A estultícia está ligada ao coração do menino, mas a vara da correção a afugentará dele” (Provérbios 22:15). Como resultado, meninos e meninas crescem sem conhecer o limite do que é certo e errado, do que podem e não podem fazer, e assim enveredam para o vale abissal do pecado.
As palavras de Oseias, dirigidas ao povo de Israel: “O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar” (Oseias 4:2), têm se cumprido tristemente agora. Esse é o retrato da sociedade. As práticas apresentadas no texto têm sido comuns, e isso é uma imagem da situação da família atual. Ser honesto hoje é notícia de jornal, e o cidadão se torna celebridade. Nesta era da licenciosidade, onde tudo é permitido, a quebra dos votos matrimoniais tem sido prática comum, incentivada em filmes, novelas e mídias digitais. O adultério tem destruído famílias, trazendo dor e tristeza a muitos homens e mulheres.
Esta é a sociedade que troca os valores morais e está se perdendo a passos largos rumo ao profundo abismo do mal. Existe um Ai para os que invertem os valores morais contidos na Santa Palavra de Deus. O Ai é julgamento, é condenação para os que são rebeldes contra Deus. Não permita que esses conceitos progressistas, que não têm o amparo da Palavra, destruam sua família.
A mulher no mercado de trabalho
Não pretendemos defender a ideia de que seja proibido à mulher entrar no mercado de trabalho para ajudar no orçamento do lar ou para a própria realização pessoal. Também não queremos apoiar o princípio machista (misógino) que as desvaloriza. Hoje, a mulher já é vista atuando em quase todas as áreas do mercado de trabalho, concorrendo com o homem em pé de igualdade.
Porém, quando a esposa e mãe se dedica a trabalhar fora em detrimento da sagrada missão no lar, isso pode resultar em danos irreparáveis para a família. É bom lembrar que a melhor babá e a melhor creche não substituem a presença efetiva da mãe junto aos filhos.
A esposa e mãe é a principal responsável pelo desenvolvimento físico, moral e espiritual dos filhos, bem como pelo equilíbrio emocional e crescimento do marido. A formação do caráter dos filhos depende em grande parte do trabalho da mãe no lar. Alguém escreveu que:
“Há para a mulher uma obra mais importante ainda e mais enobrecedora que os deveres do rei em seu trono. Cabe-lhe moldar o espírito dos filhos e afeiçoar-lhes o caráter, de modo que venham a ser úteis neste mundo, e a tornarem-se filhos e filhas de Deus.”[i]
Há alguns anos, ocorreu um crime que repercutiu no Brasil e em quase todo o mundo. Um grupo de jovens adolescentes de classe média alta passeava pelas ruas de Brasília na madrugada de um sábado. Ao verem um homem dormindo na parada de ônibus, na avenida W5 Sul, aqueles jovens tiveram a ideia de atear fogo nele, o que resultou em sua morte. Naquela ocasião, psicólogos, sociólogos, educadores, políticos e líderes religiosos realizaram vários debates para entender o real motivo que levou aqueles jovens a cometer tamanha barbaridade.
Verificou-se que a maioria dos rapazes, embora pertencessem a famílias de boa estabilidade econômica, não possuía estrutura familiar adequada. Eram filhos de pais separados, certamente sem a presença ativa da mãe. Cresceram sem conhecer os limites da liberdade. Foram presos, julgados e condenados.
Nos Estados Unidos realizou-se um estudo para descobrir os motivos do aumento de divórcios no país. Entre tantos outros, constatou-se que a falta de diálogo entre os casais era uma das principais motivações. Isso se dava pelo fato de que marido e mulher trabalhavam em empresas diferentes e em turnos de trabalho que não lhes permitiam se encontrar durante a semana.
Queremos informar que o Céu reserva uma homenagem especial para todas as mães que trabalham pela salvação dos filhos. “Os anjos de Deus imortalizam o nome das mães cujos esforços ganharam os filhos para Jesus Cristo.”[ii] E mais ainda: os filhos salvos reconhecerão o trabalho de suas mães:
“Quando se assentar o juízo, e os livros forem abertos; quando o ‘bem está’ (Mateus 25:21) do grande Juiz for pronunciado, e a coroa de glória imortal, colocada na fronte do vencedor, muitos erguerão essas coroas à vista do Universo reunido e, indicando sua mãe, dirão: ‘Ela me fez tudo quanto sou mediante a graça de Deus. Seus ensinos, suas orações, foram abençoados quanto à minha salvação eterna’.”[iii]
O mau uso da mídia
Certa ocasião, uma senhora, esposa de um pastor de outra denominação religiosa, me abordou dizendo: “A internet é boa, mas destruiu o meu casamento.” Naquele momento, ela abriu o coração e, com lágrimas, falou-me da tragédia ocorrida na família. Ela havia percebido que o esposo passava muito tempo navegando na internet, mas não entendia a razão. Pensava, a princípio, que estivesse preparando algum trabalho importante para a igreja. Com o passar do tempo, aquela situação a incomodou muito, pois ele passava noites a fio na internet. Uma noite, ela o surpreendeu navegando em um site de relacionamentos praticando atos ilícitos de forma virtual com uma mulher de um país distante. Ela me disse que aquilo foi a gota d’água para o fim do casamento e o início da desgraça daquele pastor.
As redes sociais oferecem as mais variadas plataformas para se interagir com o mundo virtual. Um mundo sem leis, sem CPF e RG, onde se abrem portas para o acesso facilitado aos mais terríveis pecados e crimes.
Os pais devem acompanhar as redes sociais dos filhos, principalmente das crianças e dos adolescentes. Os jornais têm noticiado muitos crimes praticados a partir dos contatos virtuais. Meninas e meninos são aliciados por pedófilos. Moças e rapazes têm se envolvido com pessoas que apresentam desvio de comportamento, tais como estupradores, serial killers e até células de grupos terroristas.
É verdade que a internet já faz parte da nossa vida. Ela tem sido uma ferramenta muito importante para facilitar o trabalho nas escolas e universidades, assim como na obra de evangelização e salvação de almas na igreja. Enfim, quase tudo na vida depende da internet. Porém, o diabo usa esse instrumento de comunicação para destruir vidas e desviar as almas do caminho da salvação. Necessitamos buscar constantemente sabedoria e força de Deus para não nos tornamos vítimas das armadilhas do diabo.
Quando nos referimos à mídia, incluímos também o poder sedutor das músicas profanas. Músicas de estilos profanos devem ser descartadas de nossa playlist. Devemos ser criteriosos ao selecionarmos músicas seculares (e mesmo religiosas) para ouvirmos. Nossa alma deve ser alimentada com o que pode contribuir para o crescimento de nossas faculdades físicas, mentais e espirituais.
O divórcio
Outro elemento perigoso para a família é o divórcio. Segundo dados do IBGE de 2019, “o Brasil registrou 373.216 divórcios, o que representa um aumento de 8,3% em relação a 2016 (344.526 divórcios).”[iv]
Por que tem crescido o número de casais se divorciando? Provavelmente por conta dos conceitos equivocados sobre o matrimônio difundidos na sociedade. Muitos jovens entram na relação matrimonial por motivos errados. Casam-se na expectativa de serem felizes ao lado de quem foi escolhido para ser seu companheiro. Outros para tirarem algumas vantagens do cônjuge. Certamente, essas relações matrimoniais não durarão muito tempo.
Amor, respeito, compromisso, responsabilidade e propósito são princípios básicos de um matrimônio duradouro. Todos os que pensam em casar-se, devem atender seriamente aos conselhos da Palavra de Deus a fim de não se arrependerem depois.
Conclusão
Encerramos esta mensagem com a reflexão dos textos inspirados a seguir:
“É propósito do cristianismo formar famílias felizes e felizes membros da sociedade”.[v]
“Há necessidade de constante vigilância para que os princípios que jazem no fundamento do governo da família não sejam desrespeitados. É desígnio do Senhor que as famílias na Terra sejam símbolo da família no Céu. E quando as famílias terrestres são conduzidas em linhas justas, a mesma santificação do Espírito será levada para dentro da igreja.”[vi]