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Felizes para sempre?

Por que o namoro e o noivado podem ser tão importantes para o sucesso ou o fracasso da relação matrimonial?

O matrimônio é, ao mesmo tempo, a relação mais recompensadora e difícil que o ser humano conhece. Começou quando “o Senhor Deus declarou: Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda” (Gênesis 2:18, Nova Versão Internacional). Alguém afirmou que o lar é “a instituição mais difícil que se conhece”.

Os alarmistas destacam o fato de que o índice de divórcio na sociedade ocidental é o mais alto que a humanidade já viu. Vinte e cinco por cento dos casamentos no Brasil acabam em ruínas; e previsões apontam que o índice pode alcançar 33% nos próximos anos.

Mesmo assim, 90% dos brasileiros se casam, e a porcentagem de divórcio é menos perturbadora quando lembramos que só uma pequena fração dos fracassos consiste em divórcios repetidos, que duas em cada três pessoas divorciadas se casam de novo, e 90% delas permanecem casadas. Não desejamos fazer esta comparação para incentivar a promiscuidade ou a multiplicidade de experiências conjugais, mas apenas para informar que, apesar dos fracassos, a humanidade continua apostando no casamento.

Comparando o casamento com o setor econômico da sociedade, uma porcentagem muito mais alta de novas empresas fracassa em comparação com novas uniões matrimoniais. As estatísticas ficarão ainda menos alarmantes se admitirmos que elas podem ter uma margem de erro de até 25%. A evidência estatística é ainda menos intrigante quando nos lembramos de que não existe outro relacionamento humano tão cheio de possibilidades de fracasso. Não existem casamentos perfeitos pelo simples motivo de não existirem pessoas perfeitas e de ninguém conseguir satisfazer a todas as necessidades de outra pessoa. A dificuldade de se conseguir um casamento proveitoso é complicada grandemente pelas diferenças (sociais, hereditárias, de visão de mundo etc.) entre duas pessoas. Suas experiências ambientais são diversas, assim como são únicas as personalidades, necessidades, objetivos, tendências e respostas emocionais.

Se acrescentarmos às diferenças ambientais, genéticas e pessoais de um homem e de uma mulher as grandes diferenças emocionais existentes entre eles, ficaremos muito surpresos por existirem tantos casamentos vitoriosos!

Expectativas da adolescente ou mulher solteira quanto ao futuro marido

Uma jovem pode entender que é impossível duas pessoas imperfeitas conseguirem um casamento perfeito. Mesmo assim, num nível profundo de sentimento, ela nutre o sonho romântico de uma realização perfeita com um marido gentil e atencioso, que ao mesmo tempo é forte e sábio — um homem que suprirá todas as necessidades dela. Na verdade, homem algum poderá suprir todas as necessidades emocionais e psicológicas de uma mulher. Ela quer ser protegida, apreciada, amada e, além disso, também quer liberdade e autonomia completas. Ela muitas vezes pressionará e testará os limites dele só para ter a certeza de que existem, e para pôr à prova a força do marido. Ela deseja se sentir segura ao saber que ele é forte o suficiente para resistir, mas sábio o bastante para saber quando ceder! Ela precisa saber o que ele espera dela, mas sem limitar a própria liberdade de escolha. Ela quer ser apreciada e ter a identidade própria reforçada por manifestações repetidas de reconhecimento, aprovação e afeto.

Basicamente, ela quer ser um apoio, não o gerente, mas dará a impressão de querer dominar enquanto pressiona e testa. Ela deseja manter o controle dentro da própria esfera, que envolve o lar e os filhos, mas também aí necessita do interesse e da força de um marido. Ela quer que a própria “esfera de influência” seja razoavelmente flexível, dependendo das necessidades emocionais flutuantes. Também quer que a afeição dele seja concedida de muitas maneiras, em grande e pequena escalas. Essas necessidades podem variar grandemente em grau, de dia a dia, e ela espera que o marido se apresente equipado com um certo grau de percepção extra-sensorial para que consiga compreender seus estados emocionais variáveis.

Expectativas do adolescente ou jovem solteiro quanto à futura esposa

Já o homem vê essa personalidade feminina como um misto de necessidades conflitantes, fantasiosas e ilógicas, que homem algum poderá satisfazer completamente. Mas ele também tem uma ampla variedade de expectativas. Ele quer que ela o faça se sentir competente, valoroso, acreditado. Pode até ter dúvidas interiores quanto a conseguir isso, mas não admitirá essas coisas nem a si mesmo, quanto mais à esposa. Ele precisa ser encorajado sem discursos, discussões ou críticas. A força do seu ego deve ser construída para que se torne apto a atuar numa sociedade altamente competitiva. Ele quer que a própria autoimagem seja reforçada, não destruída, enquanto a esposa mostra onde ele está errado.

Queixas, autopiedade e reclamações da parte da mulher num esforço para ganhar a atenção dele só farão com que ele desça ao porão, vá à garagem, à casa de amigos ou familiares ou se tranque no frio e cinzento castelo da própria solidão. Ele normalmente detesta discussões porque sente que ela vai mudar de assunto, e que ele não vai sair vitorioso. Ele quer ficar sozinho quando estiver “lambendo as feridas” de seu ego destroçado; e quando estiver exausto ou preocupado, quer descansar sem ser incomodado com “conversinhas”, que poderiam acontecer num momento mais apropriado — ou mesmo nunca. Ele quer que ela dê ouvidos aos problemas e interesses dele, e se sente ofendido quando ela desvia a atenção; já ele, por sua vez, muitas vezes mostra pouco interesse pelos detalhes das experiências diárias dela. O lado controlador da natureza dela, que ele rejeita, pode fazer com que ele se retraia em silêncio ou exploda num desabafo raivoso ao se sentir ameaçado. Tais desabafos durante uma discussão resultam de sua autoridade masculina ter sido desafiada, de um sentimento de frustração por ser incapaz de se fazer entender, ou por ter sido levado a sentir-se como uma criança por causa de uma crítica do tipo “maternal” por parte dela.[i]

Avaliando o problema

Querido(a) jovem solteiro(a) ou adolescente,

Como você pôde perceber, os parágrafos introdutórios revelam a grande diferença existente entre a realidade masculina e a feminina. Até certo ponto, ambos têm expectativas convergentes, semelhantes, quando desejam se casar. Contudo, de certo ponto em diante, elas não somente se diferenciam, mas parecem se tornar contraditórias. As necessidades de um e de outro são totalmente diferentes. Leve em conta que todos os casais que já se uniram apresentavam necessidades e pontos de vista conflitantes. Os que souberam identificar grande parte das diferenças e aprenderam, juntos, a trabalhá-las, ainda permanecem unidos. Por outro lado, nem todos conseguiram entender esse universo de conflitos, e hoje levam uma vida solitária após o divórcio, cheia de cicatrizes e feridas causadas por um mau relacionamento. Por isso, é fundamental que você se prepare bem, na medida do possível, para dar esse passo tão importante — de se casar —, mantendo os olhos bem abertos. É para ajudá-lo nesse sentido que oferecemos a você este texto.

A Palavra de Deus fornece algumas dicas importantíssimas para ajudar os solteiros a dar passos seguros e confiantes nesse sentido, desde a escolha do pretendente até a conduta que os namorados e noivos devem ter antes de se unirem no altar do casamento. Uma atenção sincera e o desejo honesto de cumprir a vontade de Deus nesse sentido ajudarão muito o casal de noivos a manter o foco nas questões que mais importarão quanto à sua felicidade futura.

O que a Bíblia diz a respeito do noivado?

Um compromisso cristão deve refletir o fato de que o casamento foi instituído e ordenado por Deus, destinado a ser um apoio mútuo às pessoas que se uniram num relacionamento de amor para fortalecê-las no objetivo de servir a Deus e aos outros. A Escritura aponta que o casal deve se afastar da família da infância e se dedicar um ao outro (Marcos 10:7-9). A Bíblia também afirma que o rompimento do compromisso matrimonial (infidelidade conjugal) é o mesmo que rejeitar a Deus.

A Palavra não descreve abertamente o comportamento de cristãos solteiros durante o período de namoro e noivado, mas existem referências sobre como um noivado acontecia nos tempos bíblicos. Normalmente, os casamentos eram arranjados para o benefício das famílias e de seus patriarcas. Os sentimentos das pessoas envolvidas ficavam em segundo plano. O noivo se aproximava do pai da noiva e juntos estabeleciam os termos, incluindo o dote pago pelo noivo, que deveria servir como um “ninho de ovos”, um “pé-de-meia”, uma reserva para ajudar a mulher caso o marido morresse ou a abandonasse sem ter lhe dado um filho. O noivo voltava para a casa do pai e construía um aposento para o futuro casal. Algum tempo depois, ele regressava para buscar a noiva a fim de a levar para o ambiente preparado. Nesse dia, eles faziam a cerimônia de casamento, as famílias festejavam e a noiva se tornava um novo membro da família do noivo.

Aplicando a Palavra

Uma abordagem moderna do compromisso de noivado é um pouco diferente, mas ainda deve manter três estágios semelhantes. Na primeira fase, um rapaz e uma moça se consideram potenciais parceiros para um casamento. Essa é a hora para se debater grandes questões, entre elas a fé (2 Coríntios 6:14 e 15), as obrigações familiares, os desafios pessoais e até mesmo as lutas contra o pecado. Rapaz e moça precisam saber o suficiente para terem condições de tomar uma decisão quanto ao próprio futuro e ver se são compatíveis ou não como casal. Em seguida, precisam ter tempo para que Deus aprofunde no coração a certeza de que essa é mesmo a pessoa certa (Provérbios 3:5 e 6).

A segunda fase — o noivado —, é um momento importante para os dois. Assim que o casal concordou em aceitar os grandes problemas da vida um do outro, podem se comprometer a trabalhar para o casamento. Semelhante ao noivo israelita que construía um espaço para morar com a futura esposa, os noivos cristãos devem passar esse tempo se preparando. A preocupação principal não deve ser com a cerimônia, que pode durar poucas horas, mas com questões práticas de relacionamento, que irão garantir a força dessa união matrimonial.

A terceira etapa — o casamento —, é muito mais ampla que a união dos sentimentos de duas pessoas durante uma cerimônia. Se o noivado transcorreu de maneira adequada e completa, as habilidades aprendidas na fase anterior devem servir de ferramenta ao casal durante o primeiro ano de matrimônio — e por que não para a vida inteira? Isso significa que um casamento não é uma fase de testes para ver se as coisas funcionam. Não é uma chance para o casal se certificar de que são compatíveis em todos os pontos; é a fase para desenvolver habilidades de comunicação que os fará enfrentar a vida a dois. Se bem aprendidas, essas habilidades os ensinarão a se amarem com sacrifício (Filipenses 2:3). As habilidades de resolução, amor e comunicação são os sinais mais seguros de um casamento duradouro do que de uma compatibilidade pessoal num determinado estágio da vida.

Em geral, um noivado cristão deve levar ao casamento. É um compromisso com outra pessoa, e tais compromissos devem ser honrados. Por outro lado, não é crime romper o noivado se surgirem eventos ou problemas que levem o casal a questionar o futuro casamento. Ao contrário dos tempos bíblicos, romper um noivado está muito longe de ser um divórcio. Mas os noivados modernos devem ter um peso semelhante ao dos compromissos dos tempos bíblicos à medida que os dois aprendem a se tornar uma só carne. Se bem aproveitados, os meses de noivado prepararão o casal para muitos anos de um relacionamento saudável.

Certa vez, um pai disse ao filho:

“Quando você chegar à maioridade, seja muito prudente e discreto ao escolher uma esposa, pois todo o seu futuro dependerá dessa escolha. É uma decisão comparável a uma armadilha de guerra, na qual só é possível errar ou acertar uma única vez.”

E, uma vez cometido o erro, dificilmente há conserto. Diz uma escritora:

“A escolha do companheiro para a vida deve ser feita de molde a melhor assegurar, aos pais e aos filhos, a felicidade física, mental e espiritual — de sorte que habilite tanto os pais como os filhos a serem uma bênção aos semelhantes e uma honra ao Criador.”[ii]

É claro que a escolha não deve ser feita com base em métodos técnicos, como se costuma fazer na compra de um veículo ou de um smartphone. É muito certo e justo que alguém se case por amor, pois sem ele a vida a dois é no mínimo triste.

“Nunca se case, a não ser por amor” — disse William Penn — “mas trate de amar apenas uma pessoa digna de ser amada.”

Se neste mundo existe algum assunto que exija muita prudência, conselho, oração e direção do Alto, é o matrimônio. É com bastante razão que os russos diziam: “Antes de partir para a guerra, reze uma vez; antes de embarcar para o mar, reze duas; mas antes de se casar, por favor, reze três.”

“Ei, você ainda não é casado(a)!”

Tudo bem, parabéns, você é um noivo (ou uma noiva). O que fazer a partir de agora? Na verdade, só há um conceito a ser lembrado quando se trata de noivado, e é muito fácil recitá-lo mentalmente. Isso deve guiá-lo em cada decisão, pensamento e atitude até que você esteja diante de Deus, da igreja e do pastor no grande dia. Pronto? É o seguinte: “Você ainda não é casado (ou casada)!”. Agora, dependendo da logística ou de outras circunstâncias tais como origem cultural, duração do relacionamento, coisas que outros cristãos possam ter contado a você, nunca se esqueça: “Você ainda não se casou”. É preferível você se esquecer do que já leu até aqui do que desta parte.

Assumindo essa “regra fundamental de noivado”, vamos examinar algumas maneiras úteis, que honram a Deus, para passar por esse tempo único.

Em termos de como “passar o tempo” e sobre o que conversar, as principais preocupações são três: (1) o preparo para o casamento, (2) evitar a tentação e (3) ter em mente que você ainda não é casado. Isso significa manter basicamente as mesmas restrições que vocês mantiveram algum tempo antes de noivarem. Em outras palavras, embora vocês passem mais tempo juntos, ainda assim não devem ficar a sós ou isolados num cômodo ou numa casa sem a presença de outras pessoas.

Por isso, não esqueçam estas dicas, que irão ajudá-los (e muito!) a extraírem o melhor do tempo de namoro e noivado:

  1. Evitem falar muito sobre sexualidade — Não passem tempo demais falando sobre como será a vida sexual após o casamento. Pelo contrário, fale claramente com seu parceiro sobre os limites a serem respeitados quanto à aproximação física nessa etapa, e apliquem métodos claros para os ajudarem a segui-los. Se um de vocês sente que deve falar com alguém de confiança (preferencialmente um profissional capacitado ou os pais) sobre medos ou preocupações que possam ter quanto ao futuro relacionamento sexual — especialmente a própria noite de núpcias —, então faça isso quando o casamento estiver próximo de acontecer. Essa também é uma época boa para abordar o tema com o futuro parceiro (pouco tempo antes da cerimônia). Isso é sério: é perigoso passar muito tempo juntos a sós em um ambiente privado. A tentação nesse aspecto é facilmente subestimada e é muito difícil recuperar a disciplina e voltar atrás depois que algumas barreiras foram ultrapassadas. Passem algum tempo em público. Mesmo nessa fase mais avançada do relacionamento, não há motivo ou necessidade para vocês ficarem sozinhos. Por razões de castidade, tenham muito cuidado sobre como e onde vocês passam o tempo juntos. É uma fase em que os hormônios estão “à flor da pele”, e qualquer deslize é um convite para “avançar o sinal” e acabar se envolvendo em coisas que podem causar vergonha e arrependimento futuros.
  2. Conduza o diálogo para coisas que realmente importam — Você pode, neste ponto, começar a conhecer seu potencial parceiro em um nível espiritual mais profundo. Vocês podem compartilhar testemunhos, falar mais profundamente sobre quem são, sobre os objetivos e esperanças para a futura vida a dois caso o Senhor demore mais do que o esperado e vocês tenham de viver por mais tempo ainda nesta Terra. Discutam coisas como questões espirituais, financeiras, emoções, expectativas quanto ao relacionamento, o modo como irão educar filhos, o local em que vocês se sentiriam confortáveis para frequentar a igreja etc. Tudo isso é fundamental para se ter cada vez mais certeza de que os dois estão “na mesma sintonia”. É preciso haver uma boa dose de semelhança entre os objetivos e pontos de vista, e disposição mútua para uma flexibilidade significativa, especialmente por parte da mulher, que um dia será chamada a se submeter à liderança do marido em muitos assuntos: carreira, direção da família, questões financeiras etc.). As coisas provavelmente serão muito difíceis no futuro se um dos dois receber o chamado para uma vida na Obra de Deus (ser evangelista ou pastor), especialmente se essa possibilidade for muito temida por um dos futuros cônjuges. Vocês também podem discutir coisas como família, questões emocionais etc. com mais detalhes à medida que as coisas se encaminharem para o casamento.
  3. Cuidado com o aprofundamento da intimidade emocional — Obviamente, o estágio de noivado é o mais emocionalmente íntimo antes do casamento, e percebe-se que muitas pessoas pensam que deveriam conhecer o futuro cônjuge de um modo mais íntimo que qualquer outro ser humano do planeta. O risco dessa ideia ser uma suposição bastante errada é alto, e essa abordagem pode levar a muitos “casamentos emocionais”, fora do padrão bíblico ou saudável. Lembrem-se de que não existem nas Escrituras relacionamentos intimamente emocionais entre homem e mulher fora do casamento. Contudo, quando aparecem, são descritos como inapropriados ou condenados por Deus. Por causa disso, deixe-nos sugerir que você limite também a intimidade emocional, assim como a física. Coloque o futuro cônjuge em sua lista de confidentes, mas não faça dele a principal válvula de escape emocional. Todo casal de noivos que investe demais nesse sentido pode sofrer frustrações no relacionamento, porque é mais fácil ter intimidade emocional no noivado do que no casamento, quando seria a ocasião mais apropriada. A realidade é outra. Os noivos não devem usar esse estágio para “beber profundamente” em nível de companheirismo emocional. O objetivo não é oferecer um fórum para “brincar de casado” e ver como funciona. Não deve ser um período muito prolongado. Não podemos, como questão bíblica, dar a você uma receita de tempo específica aqui. Por uma questão prática, seria prudente falar em nível de meses, mas não de dois ou mais anos para a duração do noivado.
  4. Tire tempo a sós consigo mesmo — Talvez a própria companhia seja ótima nesse período pré-matrimonial. Como assim? Bom, há questões muito sérias a serem debatidas a dois, mas não só a dois. Você precisa internalizar o desafio de viver a dois, e precisa “digerir” as grandes transformações que está prestes a enfrentar. Nada melhor que tirar algumas horas por semana para ir a um parque, à igreja (fora do horário de culto) ou a uma biblioteca ou ambiente sossegado, onde você possa ficar a sós e refletir sobre a importante guinada que sua vida sofrerá em breve. Leve uma Bíblia ou abra as Escrituras no app do seu smartphone para ler um pouco, orar e meditar. Acredite: esses momentos a sós são tão importantes quanto os momentos a dois durante a fase de noivado. Nunca se esqueça: Jesus também separou alguns momentos para ficar a sós consigo e com o Pai assim que foi batizado. A vitória obtida nesses dias de solidão e retiro acabaram por definir o sucesso de todo o Seu ministério. Então, siga o exemplo dEle.
  5. Enfim, pense e planeje o evento de núpcias — Um casamento não se trata só da cerimônia que une duas pessoas. Não é especificamente o dia especial da noiva (embora seja um dia especial para ela), e não é principalmente o rito de passagem do noivo para a masculinidade cristã (embora em alguns aspectos também o seja). O dia do casamento é como qualquer outro dia da vida cristã, e tem muito a ver com Deus. Um casamento é um culto de adoração em que duas pessoas se unem para toda a vida. Na verdade, nos últimos séculos, a união matrimonial era vista assim. Ao planejar a música, a pregação e outros aspectos da cerimônia matrimonial, tenha em mente que, em última análise, é um evento de adoração a Deus, e não de exibição. É importante manter as coisas num nível de simplicidade cristã e reverência. Muitos casais investem tremenda energia e estresse — até mesmo lágrimas — no tipo de pergaminho falso que deveriam usar para ler as juras de amor um para o outro só por causa da impressão exercida sobre os assistentes. Ao valorizar tanto esses detalhes, estão negligenciando o casamento antes mesmo de embarcar nele. Um evento simples também permitirá que você tenha um noivado mais curto, o que na maioria dos casos é ótimo por uma série de razões óbvias, especialmente devido à pureza moral. Falando em compromissos longos, vamos abordar a logística. Se você acredita que encontrou a pessoa certa para se casar, case-se. A logística de tudo nunca será perfeita, mas o casamento é algo que vai durar o resto da vida. Será central e controlará qualquer atuação (profissional ou não) que vocês tenham. Ajuste coisas como escola, empregos, dinheiro, distância (em outras palavras, logística) para acomodá-las ao casamento e não o contrário.

Passado, futuro ou presente?

De acordo com a universitária Melissa Schill, estudante do Wheaton College, uma faculdade evangélica de Illinois, EUA, “durante a maior parte da minha vida, me classifiquei como uma pessoa ‘presente’. Alguns conhecidos se consideram futuristas, enquanto outros tendem a viver no passado. Eu? Normalmente, fico muito satisfeita com o recorte de tempo em que estou. Mas, nem sempre. Às 16h07 do dia 11 de março, recebi um aviso da faculdade, que as aulas seriam transferidas para a internet. Deveríamos empacotar os pertences e deixar os dormitórios o mais rápido possível. Naquele momento, me tornei uma pessoa ‘do passado’. Dali em diante, passei a sofrer por causa dos dias de outrora, quando podíamos tocar os amigos ao redor da mesa no refeitório, e quando era possível se envolver em um debate com toda a sala de aula.

“Pelas próximas semanas, fiquei sentada no porão, olhando para a tela do meu laptop, mal-humorada por horas a fio. Interagir com um vídeo granulado e falhando de meus colegas e professores não era a mesma coisa que os ver pessoalmente. Minha cabeça estava tomada pelo passado, o que tornava a vida na realidade presente muito desagradável. Assim, lenta e inconscientemente percebi que não poderia viver o passado — só que ainda não estava feliz com minhas circunstâncias atuais. E então me tornei uma pessoa ‘futura’. Fiquei convencida de que tudo o que seria emocionante estava no futuro, quando as coisas ‘voltariam ao normal’. Assim, passei a aguardar ansiosamente o dia em que poderia me sentar ao redor de uma mesa com amigos ou em alguma carteira de sala de aula.

“O problema de viver no futuro é que nossas projeções e previsões geralmente estão muito distantes. O mundo dos sonhos que antecipamos não é de forma alguma garantido, e, neste caso, isso se confirmou rapidamente. No início do verão, a faculdade enviou informações sobre como seria o próximo semestre do outono. Máscaras, distanciamento social, padrões de tráfego de pedestres regulamentados, interações pessoais muito restritas. Fiquei péssima. Mas, então, veio a certeza.

“De um momento para outro, tornei-me dolorosamente consciente do descontentamento em que vivia. Já se haviam passado três meses. Fiquei com medo de desperdiçar quantias enormes de tempo de um modo tão fácil porque mentalmente eu ansiava estar no passado ou no futuro. Assim, entendi que deveria florescer onde eu estivesse plantada. Por isso, onde quer que você esteja, viva o presente. Isaías 43:18, 19 diz: ‘Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não o percebem?’ (Nova Versão Internacional.) Deus está criando um novo caminho agora. Ele está trabalhando agora. você não vê?”[iii]

A partir da transcrição da fala da Melissa, damos abertura à última grande dica deste capítulo. Viva no presente e em função do presente. É sério. Ninguém vai se casar esperando um dia sentir saudades do tempo de solteiro (e ninguém deve pensar assim!), mas a verdade é que em alguns momentos muito específicos, diante da pressão de alguns novos desafios, você vai sentir uma certa falta de alguns aspectos da vida de solteiro. Então isso quer dizer que a união matrimonial não valeu a pena? Não é nada disso. Assim como você passa agora por altos e baixos enquanto vive no mundo dos solteiros, também passará por momentos bons e ruins na futura vida de casado. Isso é ruim? Não, absolutamente não. Isso faz parte da vida humana, que é composta de fases, e não tem nada a ver com felicidade ou tristeza. Nossa dica é que você aproveite o momento, pois há um ditado popular que tem certo fundo de verdade: “O melhor da festa é a espera”.

Durante o período de namoro e noivado, os solteiros vivem uma fase emocionalmente agitada. Há muitos momentos de ansiedade, de intensa alegria, de decepções, de lágrimas, de perda de sono e de preocupações com uma série de coisas relativas à solenidade matrimonial, ao lugar aonde irão passar a lua-de-mel e aonde morarão após o casamento. É uma montanha-russa de emoções. O interessante é que vários estudos têm comprovado que as emoções fortes são parceiras inseparáveis da cognição humana (a capacidade de aprendizado).

Com base em pesquisas revolucionárias da neurociência das últimas duas décadas, o entendimento do poder das emoções sobre o pensamento e a aprendizagem passou por grande transformação. O antigo ponto de vista, de que as emoções interferem de modo negativo na aprendizagem, está sendo substituído pela nova visão, de que emoções e aprendizado estão unidos por processos neurais que dependem uns dos outros. Isso se chama “pensamento emocional”, e abrange processos de aprendizagem, memória, tomada de decisão e criatividade.[iv]

Por isso, é uma fase importante, inesquecível, e que não deve ser desperdiçada como uma ferramenta de aprendizagem sobre questões tais como relação com Deus, provas de fé, estratégia para aprofundar a percepção sobre a vida secular e a espiritual, entre outras coisas. Tente ficar menos ansioso e exercite a fé em Deus, pois Ele sempre agiu no tempo certo. É só você olhar para o próprio passado para ver essas atuações. Com base nessas memórias, entregue sua vida presente a Ele, e peça auxílio para aproveitar ao máximo essa fase sem desagradá-lO, tornando-se uma pessoa cada vez mais espiritual e feliz.

Desejamos tudo de bom para você.



Referências bibliográficas:

[i] OSBORNE, Cecil G. A arte de compreender o seu cônjuge. Brasília (DF): TraumaClinic Edições (2017), 244 páginas, adaptado.

[ii] WHITE, E. G. A ciência do bom viver, p. 357.

[iii] SCHILL, Melissa. Wherever You Are, Be All There (adaptado). Portal Evangélico Boundless (Find your place. Focus your future). Disponível em: <https://bit.ly/2GujSe9>. Acessado em 8 out. 2020.

[iv] Robinson DL. 2009. Brain function, mental experience and personality. The Netherlands Journal of Psychology, vol. 64:152– 67.